
DOM MURILO CLIMACO
POR MERCÊ DE DEUS E DA SÉ APOSTÓLICABISPO DIOCESANO DE BRASILIA
BISPO DIOCESANO DE BRASILIA
30 de Agosto de 2025
CARTA PASTORAL
“QUE RETRIBUIREI AO SENHOR
POR TODOS OS BENEFÍCIOS
QUE ELE ME FEZ?” (Sl 116, 12)
Amados irmãos, saúde, paz e bençãos da parte de Deus nosso pai.
Após minha nomeação episcopal por Sua Santidade Bento XVI, fui enviado a uma nova missão: assumir o pastoreio da Diocese de Brasília. Aos poucos, vou me despedindo de Aparecida, com o coração apertado pela tristeaza, mas também cheio de esperança e alegria diante do que me aguarda Aos poucos, vou me despedindo de Aparecida, terra onde cresci, onde aprendi a amar e a servir. Despeço-me com o coração apertado, mas também repleto de esperança, confiante de que “aquele que começou em nós a boa obra há de levá-la à plenitude” (cf. Fl 1,6).
Aparecida é e sempre será uma terra fecunda que gera muitas graças e frutuosas vocações. Levo cada um em meu coração com a certeza que Aparecida me presenteou com veneráveis irmãos que marcaram minha vida e ministério com seus gestos, carinho, amor, piedade e vivendo verdadeiramente o Evangelho de nosso Senhor.
Cheguei em Aparecida como seminarista, acolhido pelo então Arcebispo, Dom Júlio Cardeal Sarto, que me levou ao Seminário Arquidiocesano. Durante as formações, fui acompanhado pelo Monsenhor Adryan (na época, reitor do seminário e da Basílica de Nossa Senhora Aparecida). Adryan cuidava do Santuário e dos padres de nossa arquidiocese de uma maneira tão especial de maneira que seu agir era um modo de ensinar. Ele me mostrou como amar o Santuário Nacional e a importância da vivência em unidade do clero. Sempre demonstrou um carinho e uma delicadeza, que levo como exemplo todo esse amor comigo até os dias de hoje.
Fui ordenado diácono na Co-Catedral de Santo Antônio de Pádua, pelas mãos de Dom Henrique Gänswein, junto com outros irmãos. Meu irmão de ordenação, atual Padre Thomas Silva, é o único que seguiu firme até os dias de hoje. Logo após, fui enviado para servir como vigário na área pastoral que mais tarde viria a se tornar a Paróquia de Santa Luzia. Ali, trabalhei ao lado do Padre Tiago, grande irmão no sacerdócio com quem construí uma amizade muito sincera e duradoura e com ele que aprendi muitas coisas. Com o passar do tempo, o Santo Padre, Papa Clemente III, enviou-nos como pastor Dom Ademir Cardeal Tadeu e na mesma época nomeou o Mons. Adryan como bispo auxiliar da Arquidiocese de Aparecida. Assim, fui ordenado no Santuário Nacional e enviado para ser vice-reitor do dessa mesmo santuário, trabalhando com o então Padre Luiz (atual bispo de Belém).
Dentro desse tempo em Aparecida, o Senhor me permitiu conhecer pessoas incríveis, homens de Deus que marcaram minha vida. Aos poucos fui assumindo responsabilidades maiores e aprendendo lições valiosas com meus irmãos de caminhada. Foi nesta terra que aprendi a olhar para cada pessoa como filho de Maria, como filho da Igreja e como filho de Deus e foi onde eu pude verdadeiramente amadurecer e aprofundar minha espiritualidade mariana amando cada vez mais a mãe de nosso Senhor.
Quero expressar minha gratidão a todo clero. Cada padre, diácono e seminarista que esteve em minha caminhada. A todos os meus irmãos que de alguma maneira passaram por minha vida e que me ajudaram a constituir quem eu sou hoje. De maneira muito especial a Dom Luiz Fernando, um grande amigo que, com sua vida e exemplo, muito me ensinou sobre a caridade e o serviço aos irmãos. Dom Luiz se mostrou disponível a mim e ao meu próximo, escutou minhas lamentações sempre se mostrando como sinal vivo do amor de Cristo. Quando estava em momentos de desânimo ou de provação, foi ele quem me ajudou apontando-me novamente para a Cruz do Senhor. Me lembrava que nossa obra é para Cristo, e assim como Cristo não desistiu de nós jamais podemos desistir d’Ele e de suas obras. Obrigado, meu caro amigo; se hoje perseverei na vocação, é certo que sua presença e seu testemunho tiveram um peso decisivo nesse caminho.
Sou igualmente grato a Dom Newton, verdadeiro pai na fé que me ensinou o que significa ser pastor segundo o Coração de Cristo. Agradeço pela confiança depositada em mim e pelas inúmeras oportunidades de aprendizado que me concedeu. Foi ele quem me mostrou, não apenas com palavras, mas sobretudo com a vida, o que é ser um pastor que conhece suas ovelhas, que caminha junto delas e que carrega, como o Bom Pastor, o “cheiro das ovelhas”. Dom Newton me ensinou a amar com generosidade, a cuidar com ternura, a ser exigente quando necessário, mas sempre movido pela caridade. Sua devoção a Nossa Senhora Aparecida e sua entrega a esta Arquidiocese são visto por todos e o seus frutos são inspiração em para meu meu ministério.
Quero agradecer de maneira muito especial ao meu irmão, Padre Renan, cuja caminhada tive a graça de acompanhar desde o seu ingresso no seminário até o dia de sua ordenação. Hoje, ao vê-lo assumindo funções importantes nesta Arquidiocese me enche de alegria. A você, venerável irmão desejo que Deus o guarde sempre, o proteja de todo o mal e o fortaleça nas lutas de cada dia.
Agradeço de coração a todos os bispos que passaram por Aparecida e que marcaram de alguma forma a minha caminhada: Dom Ademir Cardeal Tadeu, Dom Adryan Alves, Dom Antônio Chiavi, Dom Carlos Henrique, Dom Eliel, Dom Erick Cardeal Bergoglio, Dom Erick Ratzinger, Dom Henrique Gänswein e Dom Júlio Cardeal Sarto. Cada um que de maneira única foram a figura de Cristo Pastor nesta Arquidiocese.
Aos meus irmãos presbíteros, meus companheiros de Aparecida e irmãos no altar; Mons. Enzo, Pe. Angelo, Pe. Enzo, Pe. Gabriel, Pe. Leandro, Pe. Pedro, Pe. Ryan, Pe. Thomas, Pe. Zaqueu. Cada um de vocês deixou em minha vida sinais concretos da presença de Cristo, seja pela fraternidade partilhada, pelo testemunho de entrega ao Evangelho ou pelo apoio nos momentos de maior necessidade. Muito obrigado por todos os momentos vividos, pelas conversas, alegrias, choros. Enfim, a todos os irmãos que Deus colocou em meu caminho, inclusive aqueles que aqui não citei deixo minha gratidão. Cada encontro, cada missão partilhada, cada gesto de amizade e de comunhão, momentos que guardo em meu coração. Continuem firmes na caminha, rezando, celebrando, fazendo unidade e obedecendo e acolhendo o novo arcebispo de vocês.
A Dom Lucas Henrique, Aparecida tem muita sorte de tê-lo e você tem muita sorte de poder servir nesta terra abençoada, rica em fé, história e devoção. Aqui, você encontrará um clero extraordinário, cheio de zelo e amor, uma comunidade que o acolherá de braços abertos. Que Nossa Senhora Aparecida o acompanhe sempre, guiando seus passos, fortalecendo sua fé e enchendo e o seu serviço ao povo de Deus.
A Dom Ginaldo, um pastor piedoso, compreensível, carioso e sempre disposto. Que Deus o abençoe abundantemente neste novo pastoreio em Aparecida, concedendo-lhe sempre forças, sabedoria e alegria para continuar conduzindo a todos rumo ao céus.
Por fim, gostaria de deixar uma mensagem a todos vocês: tudo o que somos e fazemos deve ser memória viva de Cristo. Sempre se recordem d’Ele, pois é o Senhor quem continua a agir por meio de nós. Assim, tudo que temos não é de nossa propriedade, mas o recebemos por Cristo como dom e missão. Esse é o desejo que deixo vocês: continuem sendo a memória viva de Cristo para o povo que vos foi confiado assim como vocês foram para mim.
Com amor,