Carta Pastoral | Pastores segundo o meu coração

 CARTA AO CLERO DA 
ARQUIDIOCESE DE APARECIDA

Por ocasião de minha nomeação

como 12º Arcebispo de Aparecida


"Et dabo vobis pastores iuxta cor meum, et pascent vos scientia et doctrina" (Jr 3,15)


Caríssimos irmãos no sacerdócio,

        Antes de mais nada, convido-vos a não esquecermos nunca nossas raízes vocacionais, pois é nelas que o Senhor vai tecendo com paciência a sua vontade em nossa vida. Trago em meu coração os caminhos de Manaus, onde fui ordenado diácono por Dom Carneiro e presbítero por Dom Ademir, ali servi com alegria no Santuário Santo Antônio. Mais tarde, o mesmo Senhor me chamou a missão em Brasília, onde fui padre e, depois bispo auxiliar, missão que abracei com temor e confiança, servindo à Igreja com todo o coração.
        Na festa de Nossa Senhora de Fátima, por disposição do Santo Padre, o Papa Clemente III, fui nomeado 12º Arcebispo de Aparecida. Com temor e confiança, acolho esta missão, certo de que “a luz dos povos é Cristo” e que a Igreja é, n’Ele, “como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano” (Lumen Gentium, n. 1).
        Desejo, desde o princípio, reafirmar meu compromisso de caminhar junto convosco, presbíteros e diáconos desta Arquidiocese. Somos membros de um único corpo, animados por um mesmo Espírito. “ O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo […] conduz à verdade total, unifica na comunhão e no ministério” (Lumen Gentium, n. 4).
        Nosso tempo exige uma resposta pastoral corajosa, profética e esperançosa, “nada deste mundo nos é indiferente” (Laudato Si’, n. 3), a nossa missão exige um olhar sensível aos clamores da terra e dos pobres, realidades inseparáveis que interpelam a autenticidade do nosso ministério.
        A Igreja “é chamada a seguir pelo mesmo caminho [de Cristo] para comunicar aos homens os frutos da salvação” (Lumen Gentium, n. 8). Por isso, somos convidados a uma pastoral que não se limite à conservação, mas que se abra com ardor à evangelização, ao diálogo e à caridade operante. “Porque há um só pão, nós, que somos muitos, formamos um só corpo, visto participarmos todos do único pão” (1Cor 10,17; cf. Lumen Gentium, n. 7).
        Nesta ocasião, rendo justa homenagem a Dom Chiavi, que conclui sua missão entre nós com zelo, sabedoria e humildade. Ao ser chamado ao serviço como Secretário de Estado do Vaticano, leva consigo nossa gratidão e orações. Que o Senhor o fortaleça nesta nova etapa de entrega à Igreja universal.
        Em nossa missão comum, os desafios sociais também nos interpelam, “é necessário, com medidas prontas e eficazes, vir em auxílio dos homens das classes inferiores, atendendo a que eles estão, pela maior parte, numa situação de infortúnio e de miséria imerecida” (Rerum Novarum, n. 2).               Este apelo à justiça social permanece atual e urgente, especialmente diante de um mundo ainda marcado pela exclusão e pela desigualdade.
        Consagro este novo início à Mãe Aparecida, Padroeira do Brasil e coração orante desta Arquidiocese, que ela nos conduza, como Mãe e Mestra, a uma fidelidade cada vez mais profunda ao seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.

Com estima fraterna e espírito de comunhão,



Dom Frei Newton Brandsma, O.Carm.
Arcebispo-Eleito de Aparecida

 

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