CARTA PASTORAL: A LUZ DA RESSUREIÇÃO.
Ao clero, religiosos, diáconos, seminaristas e a todo o povo de Deus!
"O anjo, dirigindo-se às mulheres, disse: ‘Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, pois ressuscitou, conforme havia dito. Vinde ver o lugar onde ele jazia. Ide depressa dizer aos seus discípulos: Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis. Eis o que tinha a vos dizer’." (Mateus 28,5-7)
Queridos irmãos e irmãs,
A Páscoa do Senhor é o grande anúncio que nos move na fé e na missão. O convite do anjo às mulheres que foram ao túmulo ressoa para toda a Igreja: não tenham medo! Esse é o chamado para um encontro profundo e transformador com o Cristo Ressuscitado. Esse encontro exige de nós uma verdadeira kenosis, o esvaziamento de nós mesmos, para que possamos acolher a plenitude da vida nova em Cristo. Em cada etapa de nossa jornada, seja na família, no trabalho, na vida religiosa ou no ministério ordenado, somos chamados a esse esvaziamento, a deixar para trás as seguranças humanas e nos lançarmos na confiança do seguimento fiel do Senhor.
Em nossa Arquidiocese, desejamos viver esse encontro filial com o Ressuscitado, permitindo que Ele nos conduza à Galileia de nossa realidade e nos transforme em autênticos discípulos missionários. Para que essa experiência seja concreta, iremos nos empenhar em três dimensões fundamentais:
Espiritualidade – A mística do encontro. Devemos cultivar uma espiritualidade profunda, que nos impulsione a uma oração sincera e comprometida, capaz de transformar nossos corações e comunidades. O Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, casa da Mãe, será para todos nós o lugar privilegiado desse encontro, onde romeiros e peregrinos poderão renovar sua fé e experimentar a ternura de Deus.
Unidade – Uma Igreja sinodal. O caminho da unidade é essencial para vivermos a autêntica comunhão eclesial. Inspirados pela sinodalidade, somos chamados a caminhar juntos, respeitando a diversidade de dons e ministérios, fortalecendo o sentido de pertença eclesial e o compromisso com a missão. Como nos ensina Santo Afonso Maria de Ligório: “Deus não se deixa vencer em generosidade. Ele não recusa suas graças a quem, confiando nele, as pede com humildade e perseverança.” Assim, a oração e a acolhida devem ser os pilares do nosso compromisso com os irmãos que chegam à casa da Mãe Aparecida.
Vocações – Testemunho da unidade e do encontro. Quando vivemos a mística do encontro e cultivamos a unidade, brotam as vocações. O chamado de Deus se manifesta na escuta orante e no testemunho de uma Igreja viva. Devemos cuidar das vocações com amor e zelo, incentivando o discernimento, a formação e o acompanhamento dos que sentem o desejo de seguir mais de perto o Senhor em sua entrega ao Reino.
Nosso compromisso pastoral não se encerra no encontro pessoal com Cristo. Somos chamados a anunciá-Lo, a fazer ecoar a alegria da ressurreição em nossas comunidades. A catequese deve ser um instrumento eficaz para consolidar a fé e formar discípulos missionários que, como Maria Madalena, levem a Boa-Nova com entusiasmo e fidelidade.
Por fim, à luz do meu lema episcopal, "Instaurare Omnia in Christo" – restaurar tudo em Cristo –, convido toda a Arquidiocese de Aparecida a viver a alegria desse encontro restaurador com Jesus. Que Ele nos conceda a graça de sermos testemunhas fiéis de sua ressurreição e nos inspire a caminhar sempre na unidade, na oração e no compromisso com as vocações.
Que Nossa Senhora Aparecida nos guie e interceda por nós!
Aparecida, 14 de fevereiro de 2025.
